Tudo começou quando todos os colégios de uma cidade pequena entraram em greve e o meu pai resolveu por mais responsabilidade em minhas mãos. Apesar da idade nunca tinha enfrentado o fato de morar sozinha e em uma cidade grande como Nameless.
Morar em Nameless seria mais uma prova para mim, teria de me adaptar a tudo, fazer novos amigos, conquistar novas pessoas. Me reconhecer novamente, deixar a ingenuidade para trás.
Minha mãe nunca foi de acordo com essa mudança radical, ela fazia parte daquele estilo de mãe que é super protetora e mandona, mas dessas vez a voz mais alta tinha sido a do meu pai.
Meu pai sempre confiou demais em mim e acho que por ser filha única ele se obrigou a aprender a me dar liberdade e desde pequena fui obrigada à aprender a me virar sozinha.
Na véspera da minha viagem extraordinária minha mãe me chamou para uma breve conversa entre amigas. Sempre tive um relacionamento aberto com minha mãe, sempre dividíamos segredos, medos, experiências e acho que por isso nunca tive medo quando ela me chamava para ”uma conversa entre amigas”.
Eu sempre levaria comigo a qualquer custo os olhos negros da minha mãe e aquele sorriso contagiante que ela me dava todas as manhãs quando me chamava para tomar café. Nunca me esqueceria das manias bobas que ela tinha de se esquecer de tudo, de ser dramática e principalmente de como eu sou parecida com ela.
Carinhosamente minha mãe olhou-me e disse:
- Filha, eu não queria isso, você sabe… mas acho que vai ser preciso.
- Não se preocupa mãe, vai ficar tudo bem. - disse-lhe pegando em sua mão.
- Eu sei que vai, confio em você! Só não quero que esqueça que suas raízes estão aqui conosco, que não importa o que aconteça estaremos juntos como sempre fomos.
- Mãe não precisa se despedir, te ligarei sempre… sabe que não vou aguentar de saudades! - disse angustiada.
- Eu sei que vai filha, eu sei.
Naquele momento eu percebi que minha mãe tinha medo, medo da solidão e por um minuto pensei em desistir de tudo. Mas eu sei que ficando ali eu não me faria bem e consequentemente nem a ela.
- Mãe, a senhora sente medo? - perguntei ociosa.
- Que tipo de medo filha? - ela respondeu enquanto me ajudava a arrumar algumas coisas na mala.
- Da solidão por exemplo….
Sentando-se ao meu lado ela respondeu:
- Nunca senti solidão em nenhum minuto da minha vida, estava sempre completa. Seu pai nunca me deixou de dar amor e todos os dias quando levanto e o olho penso que ele será o amor da minha vida enquanto me resta fôlego. E você foi o melhor e maior presente que Deus me de, acho que ficar sem você vai me trazer um pouco de solidão, mas eu acho que a solidão é um bom remédio para o tédio que também virar de brinde.
- Mãe eu tenho medo… - disse cabisbaixa.
- Medo? Por que?
- De te decepcionar, de me perder de todas as coisas que sempre me ensinou…
Na mesma hora fui interrompida com um: - ‘Psiu’, você não precisa ter medo. Os caminhos que trilhamos devem estar de acordo com o que somos, o que eu te ensinei servirá para te ajudar em momentos de duvidas, mas na hora de suas decisões as minhas decisões não podem estar presentes. Você vai fazer tudo dar certo.
Ganhei um abraço caloroso e senti uma lágrima cair dos meus olhos e calei, calei porque aquele momento nenhuma palavra dita seria suficiente para expressar o quão grata eu era por ter pais maravilhosos como os meus.
Enquanto leem: Escute
Bem, espero que gostem, voltarei em outros posts comentando mais sobre o livro, o que escuto enquanto escrevo, o que me inspira, quais os locais que imaginei e etc. Beijos amoress
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